sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

.miles.

ju mancin

d °_° b ´round midnight, miles davis quintet



meu desejo deveria
ser menor
que a distância
entre meu corpo
...................................e seu abraço

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

.jazz.

ju mancin

d °_° b tribute to miles, herbie hancock


(e que nem é direito ninguém recusar)

você
você
você e tuas mãos
e teus pés 44
(combinam com os meus 35)
e tua barba rala
e tua cara de quem acordou agora
os olhos de um menino
inofensivo (ou indomável)
e tua voz que me canta (e me encanta)
você
e teu jeito de sorrir discretamente
você e os mistérios
e teus silêncios, terríveis silêncios.
você que me roubou
você
você



e eu farol à deriva (e sem juízo)


(e que me faz mendigo, me faz implorar)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

.obsceno.

ju mancin

d °_° b I put a spell on you, nina simone


não. ela não vai dizer que gostou de você [logo de cara]
ela não vai dizer que cansada do frio, precisava mesmo desse banho quente ou dessa dose de conhaque, que você, às vezes parece ser.
ela não vai dizer que já busca sua voz quando está em silêncio.
e também não vai dizer que no meio da praça quando a banda passa, ela deseja o silêncio, para, de-repente-quem-sabe, ouvir sua voz.
nem passa pela cabeça dela, dizer que está escrevendo, justamente, para não te dizer isso ou aquilo.
ela não vai dizer que precisa saber seu nome, para que possa chama-lo, assim, mentalmente, mesmo.
ela não vai dizer que sorri para o acaso.
nem vai dizer que apanha dele por ser atrevida.  [e segue em frente...]
ela não vai dizer que não importa seu endereço. [penso que ela pense que seu endereço é ela]
ela não vai dizer que te quer, que te quer, que te quer.
nenhuma palavra, nenhum detalhe.
ela não vai te dizer nada.

e nem precisa...

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

.imaginário.

ju mancin

d °_° b almost blue, chet baker

um livro emprestado,
um retrato mofado numa parede rachada,
um quarto verde-bosta
e aquele disco riscado que você lembrou de me dar quando me esqueceu

nada além de poemas rabiscados nos muros que imaginamos derrubar um dia...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

#SP13J

ju mancin

d °_° b bullet in the head, rage against the machine


São Paulo, 13 de junho de 2013


Havia uma greve. Não me afetou, não dependo do transporte público. Busão aumentou 20 centavos. Também não me afetou. Um movimento, pra mim, utópico, se levanta. 10 mil pessoas nas ruas defendendo o Passe Livre. Péra... Livre? Livre mesmo? Transporte público de qualidade e gratuito? Pára! Nem nas oropa, né?!? É. Mas tem 10 mil na rua. São estudantes, filhinhos de papai, não trabalham, mal usam busão, são maconheiros pseudo-intelectualóides depredando o patrimônio. Será? São 10 mil pessoas na rua, gritando por algo.

Cadê o prefeito? Paris. Com o governador. Mas... Pois é! E a mídia? Tá contra. Chama de baderneiros e diz que tem que apanhar. Mas... Pois é!

5 da tarde e a promessa de uma [outra] grande manifestação em SP. São muitos! Quantos? Quase 10 mil. De novo? Pois é... Vândalos! Mas... Tem polícia? Muita! Vai dar merda.

Manifestação pacífica, altamente televisionada. A mídia veio ver de perto. Tem jornal, TV e rádio. Links ao vivo, narração simultânea.


A turba caminha lentamente pelas ruas do centro. Polícia ao lado. Polícia decide que a brincadeira acabou, a turba não aceita. Apanha. Reage. Guerra!


Governador? "Parabéns Guaratinguetá, pelos seus 388 anos e boa noite!" Governador!

Prefeito? Aquele da renovação, da promessa de mudança. Existe amor em SP? RISOS...

A marcha segue. Cantando alto e pedindo SEM VIOLÊNCIA! Apanha. Apanha muito. Apanha até o fim. Dispersa.

Centenas de relatos de uma mesma história: a polícia bate, todo mundo apanha. E muito! Mas berra... Não eram mais vândalos, não mais estudantes, filhinhos de papai, que não trabalham e mal usam busão, nem maconheiros pseudo-intelectualóides depredando o patrimônio. Eram o povo! Que unido, jamais será vencido! e o velho clichê ganha força. Os ativistas saíram do sofá e foram às ruas. A internet foi usada para veicular informação em tempo real. Aos poucos cada um ia fazendo seu papel.

Era um levante! E sim, era popular. Sem partidos, sem oposições. Não era mais pelos 20 centavos. Era pelos 500 anos de podridão dessa pátria amada ó mãe gentil. Pela falta de educação, de saúde, segurança. Pelo salário de fome. Pelo saco cheio de ver crescer o bolso de quem não tem mais espaços nos cofres, para guardar o dinheiro que toma de quem não tem o que comer.

A rua era nossa! [ou deles, que gritavam por mim, que senti medo e não fui]

13 de junho de 2013. Se acordamos, não sei. Pode ter sido um sonho. Um bom sonho com o dia em que o povo conheceu a força que tem!

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